terça-feira, 19 de junho de 2012

Texto: Cartas para Ninguém

Olá! Como já faz um bom tempo que não posto nenhum texto, vou postar um que estava escrevendo outro dia.
Espero que gostem. O banner fui eu que montei com alguns desenhos da "Viria", de quem eu já falei aqui. Leiam e deixem seus comentários. 


                                                    
                                           Cartas para Ninguém

“É estranho acordar e perceber mais uma vez que não está mais ao meu lado. É estranho pensar que tudo o que me você me deixou são as cartas que estão guardadas no fundo do meu armário. É estranho, por um só momento, me pegar pensando em você. É estranho perceber que eu me preocupo, que eu imagino por onde esteja. Já faz tanto tempo, afinal.
À essa altura já deveria tê-lo esquecido, mas você não é uma dessas pessoas que se possa esquecer facilmente.
E você? Você conseguiu me esquecer?
Ao que parece, sim. Você desistiu. Depois de tantos telefonemas perdidos e tantas cartas não respondidas, você desistiu. E era bem o que eu queria.
Era.
Só não sabia, eu, que ficaria cheia de remorso dois meses depois que você desaparecesse, que sumisse completamente. Percebi que isso não era o que eu queria.
Às vezes eu ainda paro naquele barzinho, que a gente costumava ir e ficar jogando conversa fora. Eu me sento naquela mesma mesa de sempre e fico lembrando do som do seu riso, que combinava tão perfeitamente com o som do meu. Acabo desistindo de pedir uma porção de fritas, pois você não está lá para dividir. E volto, vazia, para meu apartamento.
Sento no sofá da sala, cenário de muitos dos nossos momentos e sempre acabo em um livro, para me ocupar. Você, sabe... Distrair a mente.
O que me deixa mais horrorizada mesmo é encontrar você em todos os simples detalhes da minha vida. Quando parece que estou prester à esquecê-lo, esbarro em algo que me faz lembrar você.
Eu só queria que você estivesse aqui agora e me arrependo amargamente por não tê-lo perdoado. As pessoas erram, eu sei. Entendi isso quando eu errei, deixando você partir.
Não sei se você vai ler essa carta, mas eu só queria tentar. Tentar dizer que por mais que eu tente, não vou conseguir tirá-lo da minha cabeça.
Não acredito em destino, mas acredito que algumas pessoas nascem umas para as outras, e acredito também que esse seja o nosso caso.
De qualquer forma, eu te amo. E provavelmente, vai continuar sendo assim.”

Ela amassa a carta e a joga no lixo, com lágrimas nos olhos.


“Já disse que sinto a sua falta? Acho que não. Sou orgulhoso demais para fazer isso, sou orgulhoso demais para fazer qualquer coisa.
Me arrependo tanto por tê-la feito sofrer, e pior, por ter desistido de procurá-la.
Ir embora também não foi a melhor solução. Na verdade, acho que foi a pior delas.
Só queria poder ter uma notícia sua, saber que está tudo bem. Saber que ainda sente a minha falta, como eu sinto a sua, do seu jeito falante e ansioso; da sua risada; da sua neura em emagrecer, mesmo sendo perfeita; do seu perfume...
Queria mesmo poder voltar no tempo e mudar o passado. Quem sabe, hoje estaríamos realizando tudo o que planejávamos fazer juntos.
Penso em visitá-la, tentar reconquistá-la, mas tenho medo do que possa encontrar. Será que você está com outro? Está casada? Tem filhos? Todas essas perguntas me consomem de um tanto, que você não pode nem imaginar.
O que mais me dói é saber que fui eu quem a magoei à ponto de você terminar tudo, fui eu quem poderia ter evitado tudo.
Fique sabendo que eu te amo, e continuarei a amá-la. Não importa, se passem três, dez, ou vinte anos, eu nunca vou esquecê-la.
Você é diferente de todas as outras que eu conheci, e deixou marcas que nenhuma outra já deixou.
Se essas marcas não sumiram em dois anos, dúvido muito que sumirão em mais tempo.
E por mais que você não saiba, serei eternamente seu.”

Ele joga mais um rascunho de carta no fogo crepitante da lareira, e saí.

                                - Giovana Marques

É isso aí. Beijos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário